O espelho da alma refletia um holocausto. Ruínas de quem um dia teve treze anos. Viciada pela infância, tentou de todas as formas interromper o ciclo eterno dos ponteiros do relógio. Em vão tentou infringir a lei da gravidade que agiu sob a areia da ampulheta, em vão buscou pelo freio do planeta Terra... E os anos passaram. Não digo que a imaturidade tenha esvaido-se com a idade pueril. Todavia, relíquias que deviam ser deixadas para trás há muito tempo foram abandonadas agora, oficialmente. A espontaneidade forçada deve ser eximida de uma vez por todas.

The Beholder
Mionissa Freek ou Mione Freek ou Frika, como preferir. Sua primeira visão do mundo foi há dezessete outonos e seu sonho de criança é ser "escrevista". É extremamente egotista, o que considera uma anomalia moral terrível, entre tantas outras. Perfeccionista e imperfeita: impulsiva, individualista, taciturna, melodramática. Não sabe o que está fazendo aqui, mas gostaria muito de descobrir.

Orkut: Mionissa Freek

Textos em cinza: apóstrofe; comentários, avisos, etc.
Textos em preto: contos fictícios

rasKunho
Antes já foi chamado de "Mione Kicks Asses" e exibia uma paixão pueril pelo nonsense, pelo absurdo. E agora?

O layout
Mal confeccionado com uma imagem perfeita criada por Anry. As frases do layout ("a dreamy-eyed child staring into night / on a journey to a storyteller's mind" e "drown into my eyes and see the wanderer") são trecho de duas músicas do Nightwish: Wishmaster e Wanderlust, respectivamente.

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TV Sims, Lara Croft Club, FM Dollz, Fê Croft Fan, Frika Fan, Mione Freek Fanlisting, Ad Infinitum, Broken Dollz.

Créditos
Blogger.com
, YACCS, Extreme Tracking, Hebus, Higher-than-hope.com


 

O Telefonema
30.1.05 - Frika
Abriu os olhos. Os raios solares já se atreviam a invadir o domínio privado de seu quarto. Amaldiçoaria-os, se não estivesse sonolenta demais para isso. Ainda deitada na cama, esfregou os olhos, com o intuito de dissipar todo estado alfa de seu ser. Estava acordando para o pesadelo, bem o sabia, e queria estar bem atenta a ele.

Levantou-se da cama e vestiu as velhas chinelas - perdão - "sandálias" de dedo. Em Paris, seriam moda. Repudiou-se por ser tão fashion ao acordar. Os pés arrastavam-se no chão enquanto movia-se, e o som produzido era a irritante melodia da falta de perspectiva. Scchhhit, scchhhit, schhiit... Acordava toda manhã, para padecer da mais tenebrosa existência. Schhiiit, schiiiit...

O espelho do banheiro, como sempre, era assombrado por um ser disforme e envelhecido, apesar da pouca idade. Os traços não exprimiam nenhum vestígio beleza, os olhos eram opacos e indiferentes, a boca formava um arco para baixo... Que se dane... Scchiiit, scchhhit...

Fez um café mal-feito. Açúcar? Não, não precisava. Afinal... Que diferença faria? Engoliu o líquido negro, enquanto os olhos fitavam o nada, e nem se preocupou em limpar a gota que lhe escorrera dos lábios. Bebeu não mais que três goles, e o restante jogaria na pia, como de costume. Levantou-se e o fez. Schhhiiit, schhhiiit, schhhiiit...

Dez horas e dez minutos. Os ponteiros do relógio pareciam sorrir sarcasticamente, dada a forma como se encontravam. Amargurou-se mais por isso. Schhhiiit, schhhiiiit... As cortinas permaneciam fechadas, como sempre, e jamais as abriria. Ligaria a TV, sua fiel e única companheira, e ali passaria o restante de seus segundos, com o fardo revestido por epiderme que sua alma cinzenta carregava - ou arrastava.

E assim seria, como sempre foi, não houvesse ocorrido o que se segue: a monótona melodia dos chinelos se arrastando no chão foi entrecortada por um som agudo e estridente, que há muito não ouvia. TRIIIIM! O telefone. Schhhiiit-schhhit cessou. TRIIIIIM! Devia atendê-lo? Não, não, ninguém ligava para ela. TRIIIIIIIM! Mas e se fosse um caso excepcional, algo urgente?! TRIIIIIM! Tolice! Era engano, com certeza! Não devia se dar ao trabalho! TRIIIIIIM! Diabos! Schhhiiit, schhhiiit! Em um impulso que sequer soube explicar depois, arrastou suas chinelas (ou "sandálias", conforme queria o informe publicitário) até o telefone. TRIIIIIIM! Estendeu o braço, pegou o telefone e levou-o ao ouvido.

_ 'lô. _ disse, sem emoção, mas com certa curiosidade enrustida.
_ Alô, Renata! Seu aniversário hoje, hein?! Quero que saiba que você é uma pessoa muito especial, e que eu gosto muito de você! Admiro-a muito e desejo que todos os dias que se seguem sejam repletos de saúde e alegria para você. Não deixe que seu brilho se ofusque jamais, pois seria um crime contra o mundo privar-nos de sua luz! Renata! Está me ouvindo?

Estava. E seus olhos, antes tão opacos, agora brilhavam, umedecidos pelas lágrimas. Nada respondeu e colocou o telefone no gancho. Sentia-se diferente. Era como se o ambiente cinzento começasse a tomar cor; como se despertasse de um pesadelo. Olhou ao redor, sentiu-se sufocada pelo ambiente e abriu as janelas. Os raios de sol tocavam-lhe a face e ela sentiu-se revigorada por isso.

Tinha fome. Foi até a cozinha, caprichou no café e bebeu - com açúcar. Sorveu cada gole com satisfação. Não era a mesma que outrora engolia o líquido preto por uma espécie de obrigação, de rotina. Era outra. As palavras ditas ao telefone tiraram-lhe do pesadelo ao qual se atava. Sentiu-se gratificada por isso, apenas lastimou não ter respondido à pessoa que dissera tão belas palavras e a cumprimentava pelo aniversário...

Aniversário? Não, ainda faltavam cinco meses e 14 dias para o seu. Mas quê importava? Sentia-se viva agora. Renata - não, esse também não era seu nome. Mas teve certeza que a ligação não foi um acaso e as palavras eram sim para ela.

Sorveu mais um gole do doce café e sorriu. Um sorriso tolo, como há muito não fazia. Sem motivo aparente, inocente como uma criança que observa uma borboleta. Porém não era a pulsação ou a respiração, mas sim o tal sorriso a maior prova de vida que aquele ser humano exibia. Sorriu tolamente quando viu-se viva.

E jamais a monótona e fustigante sinfonia do schiiiit-schhiiiit foi ouvida novamente naquela casa.

Post Scriptum
Por quê meus textos ultimamente têm começado "pra baixo" e terminado com um final (pleonasmo?) tolo e feliz? Bom, uma alternativa seria que no dia seguinte ela se deu conta de que não mudara porra nenhuma na vida dela, fora tudo um "engano", e voltara a arrastar as sandálias pela casa. Outra que, a partir do momento em que acordou do pesadelo, percebeu que só vivia nele porque "queria", e que nada além dela mesma era culpado pelo schhiiiit-schiiiit. Hum. Esquece. (o_o)'


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